Reencarnação é um dos princípios básicos da Doutrina Espírita. É o processo no qual o espírito retorna, periodicamente, ao polissistema material. O propósito da reencarnação, ao propiciar múltiplas experiências, é permitir ao espírito uma forma de potencializar sua evolução, a ampliação de sua consciência.
O reencarne obedece a um princípio de sintonia de frequência mental, ou seja, o espírito reencarna em um determinado local, com determinadas características culturais (idioma, usos, costumes, valores, tradições, história, etc.), bem como em uma determinada família, de acordo com a sintonia que a sua mentalidade (valores, necessidades, objetivos) consiga estabelecer em relação a cada um desses elementos. Desse modo, o espírito encarna num contexto que oferece a melhor condição para a experiência que se propõe, onde ele possa aprender e ensinar, transformar o meio onde vive e se transformar, ampliando seu acervo e seu legado.
O processo da reencarnação inicia quando o espírito se liga a um embrião que está se formando, desde o momento da concepção. A partir deste momento é o espírito reencarnante que organiza todas as funções do novo corpo físico.
O planejamento geral para a existência material é feito pelo próprio espírito, auxiliado por espíritos superiores. É importante salientar que no processo reencarnatório não há pagamentos a serem feitos, castigos a serem recebidos, dívidas a serem resgatadas. O espírito Antônio Grimm nos diz que:
“(…) o processo reencarnatório não é condenatório, é sempre de oportunidades recorrentes evolutivas que, pela consciência do conhecimento, promove libertação”.
Psicofonado pelo espírito Antônio Grimm através do Medium Maury Rodrigues da Cruz, na aula do dia 12 de Abril de 2019.
A partir dessa perspectiva, compreende-se que a evolução espiritual não se dá por um mecanismo punitivo vinculado ao passado, mas pela assimilação progressiva dos valores morais e pela ampliação da consciência. Assim, o princípio que orienta a reencarnação é a possibilidade de desenvolvimento a partir das condições atuais do espírito — suas capacidades, necessidades e limitações no presente — bem como das potencialidades que podem ser mobilizadas em direção ao futuro.
Nessa dinâmica contínua de aprendizados, os erros e acertos fazem parte do processo. Muitas vezes os erros, quando causam prejuízo a outras pessoas, exigem reparação. Mesmo assim, não é pagando com a mesma moeda que a reparação acontece; isso apenas geraria outro erro a ser reparado. A reparação é feita com a prática do bem.
O planejamento de um encarne não é absoluto ou determinista, mas dentro do provável e do possível. Isso porque a existência no polissistema material é um processo aberto, pois a trajetória individual do espírito segue uma dinâmica complexa, marcada pela incerteza e indeterminação e, especialmente, pelo exercício do seu livre-arbítrio. Portanto, não há que se falar em destino, em caminhos previamente traçados.
Embora as pessoas não tenham a memória de suas encarnações anteriores, elas trazem consigo a súmula de todo o seu conhecimento e suas capacidades. À medida que a pessoa passa por diversas situações da vida, favoráveis e desfavoráveis, com oportunidades e desafios, ela vai se construindo, sempre de acordo com sua vontade. Vai exercitando suas capacidades e desenvolvendo potencialidades, cumprindo seu projeto inicial ou desviando dele.
Não é possível saber o que o espírito se propôs a fazer enquanto encarnado, mas estará no caminho da evolução sempre que considerar, em suas escolhas, o bem dos outros, além do seu próprio; sempre que orientar suas ações pelos valores morais universais. Quando há desvio do projeto reencarnatório pode haver consequências que o espírito deverá assumir com responsabilidade, e sempre haverá novas oportunidades de alcançar seus objetivos reencarnatórios por um novo caminho. Esta é uma das leis da vida que revelam a justiça, a inteligência e o amor do Creador.
Os espíritos orientadores ensinam que sempre existe evolução, o espírito encarnado sempre alcança progresso em um ou outro aspecto do seu ser, entendendo que progredir é alcançar um novo entendimento e ter capacidade de sustentá-lo de forma prática no cotidiano.
A evolução não está vinculada ao tempo de vida terrena, mas ao quanto o sujeito aproveita a encarnação para aprender com as experiências e servir com aquilo que pode oferecer. É de se ressaltar que, entre uma encarnação e outra, o espírito continua trabalhando, continua aprendendo, continua evoluindo, de modo que ele não reencarna no mesmo estágio em que desencarnou.
Então, por que reencarnar? As limitações impostas ao espírito pelo corpo material e a diversidade cultural na Terra possibilitam ao espírito ter experiências que não são possíveis no polissistema espiritual. Ao reencarnar diversas vezes o espírito tem a oportunidade de ver o mundo do ponto de vista de diferentes povos, gêneros, condições sociais, entre outros aspectos. Somente no polissistema material é possível ter experiências como a maternidade e a paternidade, sentir fome e dor física, envelhecer, entre outras. Todas essas experiências proporcionam maior compreensão de si próprio, do Universo, de Deus.
A existência do espírito em cada encarnação na Terra apresenta várias facetas, como: conquistas, alegrias, perdas, privações, dor. Faz parte do processo evolutivo que em cada existência o espírito vivencie desafios de diferentes tipos e graus, dependendo de seu nível de adiantamento, dos aprimoramentos que necessita e dos conhecimentos que tem para enfrentá-los. Esses desafios, que podem ser chamados de provações ou expiações, são situações que possibilitam o fortalecimento e crescimento do espírito.
Além de alcançar aprendizados, o espírito quando encarna tem possibilidade de modificar vários aspectos da cultura que sejam passíveis de melhoramento, sendo um agente de transformação. Tem a possibilidade de aplicar conhecimentos, internalizados ao longo de sua trajetória, a favor de uma pessoa, do grupo de sua convivência ou de toda a humanidade. Uma reencarnação que tem essa característica bem marcante é dita missionária, mas todos os espíritos, em algum grau, realizam uma missão individual e também conjunta; todos os espíritos encarnados são responsáveis pela sua própria evolução e corresponsáveis pela evolução do conjunto.
É importante frisar que as dificuldades que o espírito encarnado encontra em seu cotidiano muitas vezes não são explicadas pela reencarnação. Reencarnação não explica tudo. Há muitas situações desafiadoras causadas em sua encarnação atual, seja pelas contingências a que todos estão sujeitos ou por mau uso do livre-arbítrio.
Em resumo, reencarnação não serve para explicar tragédias e desgraças; não serve para esconder a ignorância, não serve como desculpa ao imobilismo; não serve como consolo; não deve ser justificativa para aquelas situações que deveriam ser modificadas e não o são; não serve para destacar o passado e paralisar o presente. Reencarnação é oportunidade de aprendizado, é oportunidade de se aplicar o que se sabe e superar as limitações através de experiências, vivências e convivências sucessivas no polissistema material, que geram conhecimentos e ampliam a consciência de todos os espíritos envolvidos no processo. Reencarnação é afirmação da unidade e da continuidade da vida.
© 2023 Created with Royal Elementor Addons
Copyright © 2019 SBEE. Todos os direitos reservados. A SBEE autoriza a reprodução dos textos para fins não comerciais desde que seja mencionada a fonte.
Para fornecer as melhores experiências, usamos tecnologias como cookies para armazenar e/ou acessar informações do dispositivo. O consentimento para essas tecnologias nos permitirá processar dados como comportamento de navegação ou IDs exclusivos neste site. Não consentir ou retirar o consentimento pode afetar negativamente certos recursos e funções. Consulte nossa Política de privacidade e nossos Termos de uso.